publicado em 05/05/2016

Um dos setores que mais tem sentido a crise econômica atual é o da construção civil. Após o boom imobiliário entre 2012 e 2014, o setor passa por um momento de readequação de seus processos produtivos e gestão, buscando novas oportunidades para estimular a competitividade do mercado. Com o objetivo de ajudar esses empresários, o Sinduscon-PR e o Sebrae-PR, trouxeram a Curitiba e Região a metodologia de Previsão de Cenários Tecnológicos.

A ação faz parte do Projeto Inovacon, que pretende estudar as cadeias produtivas e definir as estratégias tecnológicas mais relevantes para o mercado da construção civil no Paraná, e é realizada em parceria com o Centro Tecnológico Legno Arredo Pesaro (Cosmob) - parceiro de cooperação técnica do Sebrae/PR.

Na apresentação do Projeto para 68 empresários do setor de Curitiba e Região no dia 28 de abril, especialistas e representantes das entidades envolvidas falaram sobre a necessidade da inovação em seus negócios. Um dos consultores mais conceituados no Brasil nas áreas de inovação e conhecimento, o professor Rivadávia Drummond Neto foi o convidado da noite. Para ele, é preciso pensar além do produto, e descobrir como ele vai resolver um problema do cliente ou facilitar a sua vida. ?Existem algumas alavancas para a inovação, para criar mais valor para o cliente, seja pela tecnologia empregada ou pelo modelo de negócios desenvolvido. Mas o mais importante é como ele vai resolver a vida do meu cliente?, salienta. E completou, "é preciso ter em mente que inovação não está apenas na inclusão de novas tecnologias, mas na forma de fazer as coisas. Enquanto você continuar fazendo as coisas da mesma maneira, virá outro e fará melhor".

O vice-presidente de Área Técnica do Sinduscon-PR, Euclesio Finatti, demonstra preocupação com o que foi constatado na pesquisa. Cerca de 85% das empresas estão abaixo da média no que tange desenvolvimento tecnológico. "?Conseguimos identificar o estágio de inovação no setor da construção civil em Curitiba e Região. O resultado demonstrou que estamos no pior cenário, segundo aspectos que envolvem tecnologia, qualificação profissional e sustentabilidade", afirma.

Por outro lado, Finatti comenta que a pesquisa demonstra que o setor tem grandes oportunidades para o desenvolvimento de novos cenários que implicarão num salto para o futuro das empresas construtoras brasileiras."É fundamental que as empresas passem, de fato, a perceber que inovar terá que gradativamente fazer parte do seu DNA e com isto serão mais competitiva e com resultados financeiros e técnicos mais atraentes", completa.

Transferência de conhecimento

A exemplo do que foi vivido pelos países europeus, principalmente na Itália, durante a crise de 2008, os empresários italianos de construção civil se uniram para aumentar a competitividade por meio da pesquisa com foco na inovação tecnológica. Com a ajuda do Cosmob, foi criado um estudo de mercado para definir qual era a posição do setor em temas estratégicos decisivos, classificando como estavam a tecnologia nas empresas e projetar um cenário a ser conquistado por meio da inovação.

Com a parceria de cooperação técnica entre Cosmob, Sebrae/PR e Sinduscon-PR, esse mesmo modelo de estudo e metodologia foi iniciado em Curitiba, com a realização de uma pesquisa que envolveu 113 empresários da construção civil, no final de 2015, para traçar o cenário atual da construção civil no Paraná, no que diz respeito à inovação e tecnologias utilizadas.

Apresentado pelo diretor do Cosmob, o italiano Aléssio Gnaccarini falou sobre a importância desse estudo. "Foi assim que os países europeus conseguiram superar a crise de 2008, por meio de parcerias locais, nacionais e internacionais, e também com a união dos empresários, que não ficaram apenas esperando a crise passar."

Após a aplicação da pesquisa com os empresários da Grande Curitiba, segundo o consultor do Cosmob no Brasil, Emilio Beltrami, será possível identificar o cenário tecnológico atual da construção civil, de acordo com as potencialidades e oportunidades de crescimento e quais inovações internacionais poderão ser aplicadas nesse mercado.