publicado em 21/10/2010
Sinduscon-PR e Gazeta do Povo promovem em conjunto debate econômico
Será que a economia vai se sustentar neste ritmo de crescimento ou haverá muitos altos e baixos nos próximos anos? Esta foi uma das principais questões levantadas no debate promovido pelo Sinduscon-PR, em parceria com o jornal Gazeta do Povo. Para conferir o conteúdo apresentado no evento, acesse o link a seguir para fazer download dos documentos.
O evento contou com a participação dos economistas Fábio Scatolin, da Universidade Federal do Paraná, e Gilmar Mendes Lourenço, da FAE Centro Universitário.
Para Scatolin, que disse não ser muito otimista, tudo vai depender do cenário político-econômico. ?A situação instável dos Estados Unidos, que teve esta década perdida, bem como o desequilíbrio das contas correntes e a relação instável entre norte-americanos e China, que travam uma briga pela hegemonia, fazem o Brasil perder competitividade. Para onde irá a estrutura produtiva do País? Isto certamente irá exigir muita habilidade em política internacional do próximo presidente?, considera.
Em sua apresentação, ele aponta cenário atual positivo do Brasil, com crescimento projetado para 7,5%, demanda doméstica robusta, aumento expressivo de exportação de commodities para a China, entrada de capitais elevada, reservas crescentes (U$ 280 bilhões) e inflação sob controle (5,0%). ?E como pontos fortes, temos uma democracia representativa, equilíbrio interno e externo e imprensa livra?, frisa.
Contudo, na avaliação de Scatolin, o País ainda sofre com a carga tributária elevada, com infraestrutura deficiente, baixo nível de investimento público e custo do capital elevado. ?Sem contar a valorização excessiva do Real e o déficit em transações correntes em expansão (- 2,5%)?, diz.
Scatolin acredita que o País precisa de um tipo de crescimento que induza para uma mudança estrutural, centrado na inovação, com melhoria de infraestrutura, bem como nos sistemas educacional e jurídico.
?É preciso investir em infraestrutura para evitar apagão logístico?
Gilmar Lourenço resgatou fatos históricos fundamentais para entender o cenário atual, como o período de redemocratização, o desempenho dos governos FHC e Lula e os desafios que enfrentarão a nova administração.
?O que fazer para que a atual fase de recuperação do crescimento não resulte em mais um episódio de ?vôo da galinha?, considerando as restrições à alta longevidade dos modelos de expansão calcados em elevado consumo doméstico (público e privado), déficit externo e reduzidos níveis de poupança pública e privada??
Para o economista, a resposta depende da capacidade de enfrentamento dos desafios colocados ao novo Presidente da República, expressos na melhoria do ambiente de negócios, na promoção das reformas microeconômicas (tributária, fiscal, previdenciária, administrativa, etc.) e na elevação da taxa de investimento, sobretudo em infraestrutura, para evitar um possível apagão logístico.
?Independente do próximo presidente eleito, a estrutura macroeconômica estabelecida no país o coloca em posição de manter um crescimento sustentável de 4,5% nos próximos anos?, acredita o economista, acrescentando que os países emergentes continuarão a ser o motor de crescimento da economia mundial no curto prazo.
Construção civil tem condições de manter ritmo de crescimento nos próximos anos
Há cerca de 20 anos o País viveu uma crise no Sistema Financeiro da Habitação (SFH). A recessão econômica durante o período de 1980 a 1990, o arrocho salarial, a queda do poder aquisitivo, a elevação das taxas de juros e a inflação ocasionaram elevada inadimplência do SFH. Foram criadas regras rígidas para o setor imobiliário que, de 2004 para cá vive uma fase de reaquecimento.
"Aqui o crédito imobiliário é muito responsável, nosso sistema e cenário social é bem diferente dos americanos. Como o déficit habitacional ainda é grande, o mercado imobiliário vai continuar crescendo, em ritmo mais sustentável?, destaca Hamilton Franck.
E espaço para o crescimento existe porque o estoque de financiamento ainda é tímido dentro do PIB nacional. "Representa apenas 4%. No México, por exemplo, este número salta para 15%?, destaca o presidente do Sinduscon-PR.
?País acertou ao investir em setores com grande capacidade de geração de emprego?
Para ambos os economistas, no período da crise, entre 2008 e 2009, o governo acertou quando investiu e estimulou setores que têm grande capacidade de geração de emprego e renda, a exemplo da construção civil.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, em setembro deste ano, o setor gerou 21.676 empregos, o que demonstra um crescimento de 0,83% no estoque.
No ano, a construção gerou 320.215 novos postos de trabalho, um crescimento do estoque de 14,59%. Já nos últimos 12 meses, a construção civil foi responsável pela geração de 323.196 empregos formais, o que representa um acréscimo de 14,89% no estoque.
Em termos de saldo, de janeiro a setembro, foram criadas 21.540 novas vagas no Paraná, número 126% superior ao registrado em igual período de 2009 (9.524).
?Estes empregos gerados com carteira assinada. Vale lembrar também o trabalho desenvolvido pelo Comitê de Incentivo à Formalidade, que desde 2001 vem prestando orientações em canteiros de obras. Com este esforço, a informalidade no Estado caiu para 35%, enquanto que no restante do País é algo próximo a 50%?, destaca o presidente do Sinduscon-PR, Hamilton Franck.
Curitiba deve encerrar 2010 com 33 mil novas unidades habitacionais
Durante o evento realizado no Sinduscon-PR, o consultor de mercado da entidade, Marcos Kahtalian, fez apresentação sobre o desempenho da produção imobiliária em Curitiba.
A previsão do Sinduscon-PR é de que 2010 deve encerrar com a liberação de alvará para a construção de aproximadamente 33 mil novas unidades habitacionais, registrando crescimento 19% superior ao ano passado, e de 132% se comparado a 2007.
Em termos de área liberada, 2010 deve fechar com 3.900.00 metros quadrados, volume 14% maior ao desempenho de 2009, e 71% superior a 2007. ?Esta performance demonstra que o número de unidades vai aumentar e que haverá redução da área média construída. São apartamentos mais econômicos, que atende a um público que busca pelo primeiro imóvel?, considera.
Sobre a questão valorização dos imóveis, o presidente da entidade frisa que preço é definido pelo mercado. ?Curitiba foi uma das cidades que mais sofreu com o problema da Encol. Passamos por um período longo de defasagem, mas que já foi superado. Por isso entendemos que os preços devem se manter comportados nos próximos anos?, avalia.
Clique nos links abaixo e faça download das apresentaçãoes:
Apresentação de Marcos Kahtalian
Apresentação de Fábio Scatolin