Produção de aço bruto cai em janeiro

publicado em 20/02/2009

Produção de aço bruto cai em janeiro, mas o laminado mostra recuperação

A produção de aço bruto nacional caiu 1,8% em janeiro deste ano, em relação a dezembro do ano passado, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Foram produzidos 1,6 milhão de toneladas. Na comparação com janeiro de 2008, a queda registrada na produção de aço bruto foi de 45,6%, refletindo os impactos da crise internacional.

O vice-presidente executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, disse hoje (19), em entrevista à Agência Brasil, que a produção de laminados (um milhão de toneladas), ao contrário, mostrou expansão de 9,9% sobre dezembro do ano passado. O aumento reflete a retomada de operação de usinas que paralisaram as atividades no final de 2008.

Já as exportações de produtos siderúrgicos somaram em janeiro deste ano 438 mil toneladas, superando em 24,1% o resultado de dezembro. Na comparação com janeiro de 2008, no entanto, a queda em volume exportado foi de 56,7%.

Lopes lembrou que a siderurgia brasileira exportava algo como 40% da produção, mas ocorreu uma forte retração por causa da crise mundial. ?O que está acontecendo lá fora é uma verdadeira queima de estoques. É entrega de material a qualquer preço?, disse.

As vendas no mercado interno cresceram 1,7% sobre o mês anterior, totalizando 950 mil toneladas. Quando comparados com o mesmo mês de 2008, os números revelam retração de 48,4%. Lopes afirmou que ?tudo que você pegar em relação a janeiro [do ano passado] vai acusar queda, porque você teve um decréscimo grande em novembro e dezembro?.

O vice-presidente do IBS disse que, no mercado doméstico, houve queda significativa nos principais setores consumidores de aço, como bens de capital, construção civil e automotivo, que representam quase 80% do mercado comprador.

?Eles tiveram quedas significativas em novembro e dezembro. Em janeiro, começou um nível de recuperação, principalmente no setor automotivo, por conta das medidas pontuais que foram tomadas pelo governo?, afirmou.

Lopes avaliou, porém, que o resultado de janeiro é positivo, porque ficou acima das expectativas iniciais do setor siderúrgico, que eram negativas. Mesmo assim, considerou que isso ?não é suficiente, neste momento, para caracterizar o que seria uma reversão dos piores indicadores que nós experimentamos nos meses de novembro e dezembro?. Assegurou que não existe ainda nenhum indício efetivo para acreditar que tenha se iniciado um processo de reversão desse quadro.

Na avaliação do IBS, a prioridade é a preservação do mercado interno, pois é isso que diferencia o Brasil das economias em recessão. Para preservar esse mercado, Lopes recomendou a implementação de medidas que estimulem o consumo e o investimento, com o governo adotando medidas que protejam o setor contra importações predatórias. ?Todos os países estão fazendo isso. E nós achamos que seria fundamental que se fizesse isso aqui também?.

Lopes criticou o fato de ainda haver no Brasil um grupo de produtos que se mantêm com alíquota zero, ?por uma decisão política de 2005?. Disse que isso é inaceitável. ?No mínimo, é uma ingenuidade que no meio desse contexto de escalada do protecionismo no mundo, nós estejamos com esse nível de vulnerabilidade?.

Na opinião do vice-presidente do IBS, a grande preocupação é a China, que aumentou suas exportações de aço para a América Latina em mais de 50% entre janeiro e outubro de 2008, ?quando não se tinha um cenário de crise que se tem hoje?. Para Lopes, o mercado interno é a saída para a crise.

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

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