publicado em 08/04/2024
Especialistas em financiamento discutiram o cenário atual do crédito habitacional no Brasil, avaliando o desempenho do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e outros fundings. Para os debatedores, ampliar as opções de financiamento é fundamental para a sobrevivência do setor imobiliário. Esse tema foi discutido no 98º ENIC | Engenharia & Negócios, durante o painel Financiamento imobiliário: SBPE, FGTS e outros fundings, mercado de capitais – desafios e oportunidades. O 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), dentro da FEICON, com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi).
O evento ainda tem o patrocínio do Banco Oficial do ENIC e da FEICON, a Caixa Econômica Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Mútua, Sebrae Nacional, Housi, Senior, Brain, Tecverde, Softplan, Construcode, TUYA, Mtrix, Brick Up, Informakon, Predialize, ConstructIn, e Pasi.
Mediado por Ely Wertheim, vice-presidente da Indústria Imobiliária da CBIC, o debate contou com a presença de Sandro Gamba, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), Celso Petrucci, economista chefe do SECOVI-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais), e Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação e Interesse Social da CBIC.
Gamba apresentou números e destacou a importância dos financiamentos no mercado imobiliário, ressaltando a vitalidade do financiamento para o setor. Ele enfatizou a relevância histórica da poupança como principal funding do mercado imobiliário, apesar dos desafios enfrentados nos últimos anos.
“A poupança é o recurso de maior relevância de financiamento imobiliário. A poupança durante a última década foi o principal funding do mercado imobiliário. Ela continua sendo importante para o setor e para formação de preço para o mercado imobiliário. A poupança representa 33% dos recursos do mercado imobiliário”, ressaltou o presidente da ABECIP.
O economista chefe do SECOVI-SP, também contextualizou a situação atual da poupança no mercado de financiamento. “Sou ‘viúva’ da caderneta de poupança. Por uns 10 anos fui contratado pelo SECOVI para acompanhar a mudança da poupança nos anos 2000. A poupança caiu menos em 2023 do que 2022, em janeiro de 2024 caiu menos que em janeiro de 2023, ou seja, já existe movimento que poupança deixe de perder recursos. E esse número mostra a dificuldade que nós temos, para poder gerar novos financiamentos”, explicou Petrucci.
Gamba ainda complementou a discussão, alertando para a necessidade de atenção aos custos e taxas no crédito imobiliário, especialmente diante do aumento previsto na entrega de empreendimentos nos próximos anos.
Uma das questões centrais abordadas foi a correlação entre a taxa Selic e o funding imobiliário, bem como a projeção para 2024 nesse contexto. A discussão se estendeu sobre a viabilidade de outras fontes de financiamento, como o home equity (dar como garantia no financiamento um imóvel quitado), e a necessidade de soluções inovadoras para impulsionar o mercado.
“Crédito com imóvel é bem melhor em garantia. 80% das pessoas não conhecem crédito por imóvel enquanto e toma crédito de outra forma mais cara. Por esses dados e esse potencial a gente acredita muito que o home equity concorre com outro tipo de linha de crédito. Precisamos resolver prazos, que são um gargalo. Tem R$ 200 bilhões de potencial de carteira para esse tipo de financiamento”, frisou Gamba.
O debate também trouxe à tona a importância de iniciativas como o projeto “Melhoria da produtividade, competitividade e empregabilidade do Mercado Imobiliário”, da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Em meio a um cenário desafiador, os especialistas destacaram a importância de continuar debatendo e buscando soluções para fortalecer e expandir o mercado imobiliário, que desempenha um papel crucial na economia brasileira.
Fonte: CBIC