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Passada a Crise, o que será do Brasil?

publicado em 17/06/2009

Passada a Crise, o que será do Brasil?

Paulo Safady Simão *

O governo tem repetido sempre: "O Brasil poderá ser um dos países mais demandados depois da crise". Concordamos em parte com a afirmativa. Mas, antes de comemorarmos, temos de refletir seriamente.

Estamos verdadeiramente preparados para esse grande desafio? Como está a infraestrutura brasileira para dar suporte a esse ousado projeto? E os órgãos públicos e as instituições responsáveis pelas etapas de planejamento, implantação e fiscalização dessa infraestrutura, estão corretamente equipados e operando na direção correta para preparar o país para esse
momento?


Depois da grande tormenta econômica internacional pós-estouro do Lehmann Brothers e a conseqüente revelação dos abusos do apodrecido sistema financeiro global, economistas de todos os continentes apontam para o abrandamento da crise e começam a falar na retomada, ainda que moderada, do crescimento dos negócios em todo o mundo.

Trilhões de dólares foram gastos para evitar catástrofes maiores e milhões de pessoas físicas e jurídicas sofreram com falências em todo mundo.

Considera-se, no entanto, que as medidas tomadas pelos governos, de maneira geral, foram na direção correta e conseguiram fechar o vertedouro por onde vazava rapidamente a economia.

O futuro já começa a ser avaliado, com o início de um processo de análise da nova ordem a presidir os destinos da economia mundial. Uma retomada rápida do crescimento é perseguida, com especial atenção à questão mais preocupante: o emprego.

Temos, portanto, de pensar seriamente o Brasil pós-crise!

A condução da economia brasileira ao longo deste período foi consistente. Essa atitude demonstra o nível de amadurecimento de nossos dirigentes maiores depois da implementação do Plano Real e os aperfeiçoamentos realizados desde então.

Como resultado, o Brasil é visto hoje como um player importante. Temos inflação e equilíbrio de mundo civilizado, regime democrático invejável e reservas confortáveis. Os juros oficiais se aproximam dos níveis considerados internacionais. Mantemos relações comerciais com uma centena de países, em volumes expressivos, e temos uma influência política reconhecida
em qualquer fórum mundial que atuamos. Tudo isso nos credencia a ser, depois da crise, um dos países líderes no desenvolvimento do novo mundo a se desenhar.

Mas, infelizmente, apesar dos grandes avanços do Brasil em diversas áreas de atuação ao longo dos últimos 10, 12 anos, podemos afirmar que ainda não estamos preparados para esses vôos mais longos e ousados.

A prova mais gritante são as obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) relacionadas à parte exclusivamente da iniciativa de governo - 14% do volume dos recursos totais. O PAC, apesar de ser prioritário, ter verbas direcionadas e definidas, metas claras e objetivas, necessidade e utilidades rigorosamente comprovadas para o país, não consegue ter uma performance sequer razoável. Para se ter uma ideia, o
cronograma dos principais projetos, que deveria ter no mínimo 70% de obras executadas e pagas, tem somente 30% de obras realizadas passados 30 meses de lançamento do programa.

As razões? Muitas.

Há falta ou deficiência de projetos; os órgãos públicos estão desaparelhados e/ou desmotivados; os procedimentos licitatórios são confusos, inadequados e muitas vezes viciados e corruptos. Para completar, ocorrem interferências, muitas vezes inadequadas e/ou abusivas de órgãos de fiscalização e controle, como Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União (CGU), Ministério Público e órgãos ambientais. Existem ainda as omissões
sistemáticas de municípios e estados.

Enfim, uma realidade incontestável que nos coloca vulneráveis perante um desafio real. Trata-se de uma oportunidade de ouro para que o Brasil se firmar verdadeiramente como uma nação ao nível das mais importantes do mundo e consolidar cada vez mais sua posição como parceira relevante da economia mundial.

É importante salientar, também, que além de adquirir competitividade internacional, a boa infra-estrutura de um país traz um grande impacto na qualidade de vida de seus habitantes, com reflexos imediatos na renda das famílias, principalmente aquelas que vivem mais afastadas dos grandes centros.

Nessa direção, a CBIC e algumas das mais relevantes entidades em âmbito nacional orientadas para o tema promovem "O Brasil Pós-Crise: Desafios e Oportunidades", para o qual convidaram algumas das mais ilustres expressões do Executivo, do Legislativo, dos meios econômico e empresarial brasileiros para debater este tema que consideramos da mais alta relevância.

Ao final, o setor privado pretende propor uma ação objetiva e ágil, com o objetivo de apontar caminhos e soluções para adequar o país aos desafios vindouros. Esse compromisso passará por um exame criterioso da situação atual de cada segmento e pela elaboração de uma proposta de mercado para destravar definitivamente o Brasil.

* Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social - CDES
 

Fonte: CBIC

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