publicado em 05/06/2017
Para a mudança, é fundamental o comprometimento da alta direção das empresas
Foto Guilherme Kardel
Ética, conformidade, credibilidade, responsabilidade e confiança são hoje fundamentais para uma empresa sobreviver, porque o mundo mudou e não aceita mais a desonestidade e a corrupção. Esta avaliação foi apresentada no painel "Ética e Compliance na Construção", durante o 89º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic).
Credibilidade e confiança talvez sejam atualmente os ativos mais importantes de uma empresa, avaliou o cientista político e consultor Leonardo Barreto. "A corrupção é hoje um inibidor do desenvolvimento econômico", comentou.
"As coisas mudaram (no Brasil) porque o mundo mudou", acrescentou Eliana Calmon, ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça. Ética era, segundo ela, apenas uma discussão de filosofia, sem qualquer relação com o mundo concreto. Com a mudança, a "ética passa a valer dinheiro". "O mundo passou a se preocupar com a corrupção, não porque os países são bonzinhos, mas pela repercussão na economia", disse a ministra.
Para o economista Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas, a sociedade brasileira não aceita mais a corrupção. Gesner Oliveira fez uma exposição sobre as publicações da CBIC para orientar as empresas de construção a adotar medidas para reduzir os riscos de corrupção e desvios e melhorar a conformidade e a transparência. As cartilhas, editadas pelo Fórum de Ação Social e Cidadania da CBIC, segundo ele, refletem o novo momento que o País está vivendo, mas as mudanças são demoradas, porque a corrupção envolve aspectos culturais.
Geralmente, a implantação de projetos de ética e compliance enfrenta resistência por causa da cultura da empresa e também por causa dos custos, disse Barreto. Ele lembrou, porém, que o movimento de conformidade é mundial. Ele acredita, entretanto, que o setor de construção pode passar por uma mudança radical, como aconteceu no agronegócio, que se modernizou há algumas décadas. Para a mudança, é fundamental o comprometimento da alta direção das empresas. Gesner Oliveira alertou que as punições para atos em desacordo com as leis da concorrência são pesadas.
Fonte: CBIC