Minha Casa, Minha Vida: pesquisa da CBIC revela principais obstáculos e desejos dos moradores

publicado em 14/04/2023

Pesquisa inédita sobre o programa e as características dos imóveis do Minha Casa, Minha Vida aponta as dificuldades dos compradores com o valor de entrada e com a comprovação de renda, muitas vezes complementada com ganhos informais, como maiores obstáculos para o acesso à moradia A pesquisa encomendada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e realizada pela Brain - Inteligência Estratégica mostra ainda os itens de desejo dos que procuram a casa própria.

A pesquisa qualitativa foi realizada com mais de 200 entrevistados, por meio de 26 grupos focais, em 25 cidades das cinco regiões do país, entre os dias 4 e 30 de março. Ela abrangeu três faixas de renda do programa - faixa 1, até R$ 2.640; faixa 2, entre R$ 2.640 e R$ 4.400; faixa 3, entre 4.400 e R$ 8.000.

A pesquisa ainda dividiu em dois grupos: os que procuram o primeiro imóvel e os que já têm um adquirido pelo programa e buscam um maior, com melhor localização ou com opções de lazer, nesse caso, enquadrados na faixa 3.

Para os participantes da pesquisa, a dificuldade de comprovac?a?o de renda e? uma grande barreira, muitas vezes intransponível, para os que na?o esta?o em regime de trabalho formal. Esse critério é questionado por parte de entrevistados, que declaram ja? arcar com aluguel, em muitos casos, superior ao valor projetado das parcelas.

"Mudanc?as no cena?rio econo?mico do Brasil provocaram o aumento da informalidade de trabalho. Muitos entrevistados buscam imo?veis com espac?o para trabalhar. A renda e? alcanc?ada por essas fami?lias, mas a informalidade dificulta sua comprovac?a?o", afirma a pesquisa.

Item citado como dificuldade por todos os entrevistados, segundo a pesquisa, é o valor da entrada necessária para a aquisição do imóvel. "Segundo declaram, na?o possuem reservas financeiras e mesmo aqueles que possui?am recursos do FGTS optaram pelos saques extraordina?rios para quitar outras di?vidas", relata a pesquisa. Que também atribui à correc?a?o das parcelas em obra como motivo de grande inseguranc?a.

Conjugar o pagamento da parcela do financiamento com o aluguel é outro entrave. Segundo a pesquisa, muitos interessados chegam a encontrar o imo?vel ideal, passam por ana?lises de cre?dito, simulac?o?es, mas na?o fecham a compra pelo medo de se comprometer e não conseguir manter o financiamento.

Outra dificuldade apontada pelos entrevistados é encontrar o imóvel dentro do teto permitido pelo programa. O aumento dos custos da construc?a?o impactou no valor das unidades, principalmente os das faixas 1 e 2, de padrão mais econômico.

Ponto de atenção apontado pela pesquisa é o pouco ou nenhum conhecimento dos entrevistados sobre o programa Minha Casa, Minha Vida. Há desconhecimento sobre os para?metros para participac?a?o no programa, dúvidas em relac?a?o a documentac?a?o, faixa de renda, teto do programa na cidade, direito a subsi?dio e enquadramento, taxas, juros, financiamento, valores varia?veis de parcelas, ana?lise de cre?dito banca?rio, entre outras.

A pesquisa constatou que há uma expectativa muito grande com o retorno do Minha Casa, Minha Vida, após a mudança de governo. "Para quem busca o primeiro imo?vel, o governo atual e a volta do programa sa?o percebidos como esperanc?a para sair do aluguel e conquistar a casa pro?pria. Para quem ja? foi beneficiado pelo programa anteriormente e busca um upgrade de imo?vel, a mudança de governo traz novas perspectivas para a viabilizac?a?o da segunda compra", afirma a pesquisa.

Famílias que ja? compraram o primeiro imo?vel atrave?s do programa Minha Casa Minha Vida demonstram o desejo de um upgrade para ter maior conforto. O presidente da CBIC, José Carlos Martins, tem defendido o mercado secundário como um caminho para girar o setor imobiliário, e o tema está em debate em áreas da entidade. O presidente da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC, Carlos Henrique Passos, afirmou que há um trabalho em andamento nesse sentido, mas que ainda não foi concretizado.

Quanto à localização do imóvel, a pesquisa identificou preocupação com segurança e interesse por locais com facilidade de transporte público. "A localizac?a?o da moradia tem forte relac?a?o com a mobilidade urbana. Eles na?o veem problemas em residir em localidades afastadas, desde que o acesso a? regia?o de seu trabalho seja facilitada’, diz a pesquisa.

Os itens de sustentabilidade sa?o bem-vindos, segundo a pesquisa. "É um investimento inicial considerado alto, pore?m com economia certa nas contas mensais. Acredita-se que deveria ser um investimento governamental, subsidiado pelo governo, para incentivar as pra?ticas sustenta?veis da populac?a?o, ale?m da inserc?a?o destes itens em imo?veis populares".

 

Pets e varanda

"Os pets fazem parte das fami?lias alvo do programa e sa?o levados em considerac?a?o no momento da compra", diz a pesquisa. "Durante as entrevistas, ficou claro que os pets te?m muita importa?ncia para esse pu?blico, condicionando inclusive caracteri?sticas do imo?vel".

O imóvel desejado tem sacada ou quintal, dois banheiros, lavanderia, boa circulação de ar. "Esse espac?o aberto esta? ligado a? ideia de amplitude, ventilac?a?o e conforto da fami?lia, condic?o?es indispensa?veis quando se pensa na casa pro?pria. Este e? um espac?o pelo qual ate? se paga a mais, e e? uma relac?a?o custo-benefi?cio muito bem calculada por cada um", aponta a pesquisa.

Espaços como playground, um parquinho para as crianc?as e um gramado para passear com o cachorro sa?o os espac?os essenciais para a maioria destes participantes, segundo a pesquisa. Eles trocam a a?rea de lazer por um espac?o de sacada ou quintal, ou preferem pagar um valor mais baixo e na?o ter a?reas de lazer neste primeiro imo?vel.

Para os que buscam um upgrade de imóvel, áreas de lazer sa?o indispensa?veis. De acordo com a pesquisa, os participantes concordam que as a?reas de lazer fazem diferenc?a, e alguns na?o abrem ma?o de sala?o de festas, churrasqueira, academia ou piscina. Mas existe a conscie?ncia de que a a?rea de lazer encarece tanto o imo?vel, quanto o condomi?nio, principalmente as que demandam manutenc?a?o constante, como piscina.

Os resultados da pesquisa foram apresentados nesta quinta-feira no ENIC por Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain - Inteligência Estratégica, e por Guilherme Werner, sócio consultor da Brain. O painel foi mediado pelo presidente da CBIC e contou com a participação do presidente da CHIS/CBIC.

Acesse aqui a pesquisa

O painel "Pesquisa: qual a experiência e o desejo dos compradores do Minha Casa, Minha Vida" tem interface com o projeto "Melhorias para o Mercado Imobiliário", da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS/CBIC), em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).

O 96º Enic é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), conta com a parceria da FEICON; o apoio do Sesi e do Senai; e tem o patrocínio da Caixa Econômica Federal, Sebrae, Mútua, Zigurat, Totvs, Mais Controle, CV, Sienge, Orçafascio, Kone, PhD Engenharia, Alto QI, Acate, Brain e Ingevity.

FONTE: CBIC.

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