Mantega descarta impacto dos gastos públicos sobre inflação

publicado em 26/10/2010

Mantega descarta impacto dos gastos públicos sobre inflação

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília ? O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou ontem (25) o risco de o crescimento dos gastos do governo ter impacto sobre a inflação. Segundo ele, não existe chance de o Banco Central (BC) reajustar os juros no próximo ano por causa do comportamento das contas públicas.

De acordo com Mantega, a alta recente da inflação é motivada pelo preço de alimentos, que subiu por causa de fatores climáticos. Ele ressaltou ainda que, pelo sistema de metas de inflação, o BC tem o dever de olhar apenas para os preços, não para o câmbio, nem para o déficit público.

?O sistema de metas de inflação não se move pelo gasto fiscal, mas pela própria inflação. Os juros só são reajustados se os preços subirem. Não é o caso do Brasil, onde a inflação está sob controle e a variação atual é provocada pelos alimentos?, destacou.

Na avaliação do ministro, a inflação não está sendo pressionada pela demanda nem pelos gastos públicos e, por isso, o controle de gastos, na sua opinião, poderia ter pouco ou nenhum impacto sobre a inflação. ?Mesmo com a contenção de gastos, a inflação pode subir por causa das commodities [produtos primários]?, disse.

Para mostrar a falta de correlação entre os gastos públicos e a inflação, o ministro ressaltou que, nos países avançados, que enfrentam elevados déficits públicos desde a crise econômica, a inflação continua baixa. ?É equívoco pensar que, se fizer o ajuste fiscal, os juros baixarão. Isso seria necessário se a inflação estivesse subindo por causa das despesas públicas, mas não é o caso?, ressaltou.

De janeiro a agosto, segundo os dados mais recentes, os gastos do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) subiram 17,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O ministro reconheceu o aumento nas despesas, mas negou que a situação fiscal esteja descontrolada. ?A prova disso é que o Brasil cumprirá com a meta de superávit primário [economia de gastos para pagar os juros da dívida pública] de 3,3% do PIB [Produto Interno Bruto]?, alegou.

Inicialmente prevista para quinta-feira (28), a divulgação do resultado do Governo Central de setembro foi antecipada para amanhã (26). Os resultados deverão mostrar superávit primário recorde por causa da capitalização da Petrobras, que rendeu R$ 31,8 bilhões ao Tesouro Nacional.

Fonte: Agência Brasil

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