publicado em 05/09/2024
Desafios enfrentados pelo setor da construção no Brasil se repetem em diversos países do mundo, inclusive economias desenvolvidas, mostrando a importância da troca de experiências com outros mercados para uma visão mais ampla do futuro. A falta de mão de obra qualificada, o aumento continuado nos preços de insumos e até mesmo os efeitos de uma maior industrialização da construção são algumas das dores partilhadas por empresários reunidos no Rio de Janeiro em agosto, durante reunião do board da International Housing Association (IHA), a principal entidade internacional do mercado imobiliário e habitação.
"Foi uma programação intensa, que deixou claro que, hoje, a agenda estratégica da construção é a mesma nas diversas regiões", reflete José Carlos Martins, presidente do Conselho Consultivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Filiada à IHA, a entidade organizou a primeira reunião da instituição no Brasil, com o apoio da ADEMI-RJ, Sinduscon-RJ e Firjan. "Muitos dos problemas que enfrentamos aqui acontecem também em mercados que são referência para nós".
Em dois dias de reuniões, os participantes percorreram temas a descarbonização do setor, os impactos da indústria 4.0 - vetores em desenvolvimento no país e outras nações do mundo, em maior ou menor grau. No caso da descarbonização, o aumento dos custos regulatórios e o impacto dessa transição sobre o valor dos imóveis - em contrapartida à capacidade financeira do comprador - também foram percebidos como desafios que podem tornar o processo mais lento em diversas regiões.
A dificuldade de escalar as tecnologias avançadas é um dos gargalos mais importantes em diversos países que buscam acelerar a industrialização do setor. Diversos participantes compartilharam experiências, com destaque para o representante do Japão, que mostrou como a tecnologia chegou aos canteiros de obra do seu país e os resultados dessa aplicação.
Os dirigentes da IHA também discutiram a falta de mão-de-obra qualificada: assim como no Brasil, empresários estrangeiros apontaram o envelhecimento da força de trabalho e a ausência de renovação dos quadros da construção. Esse movimento geracional tem exigido das empresas estratégias para atrair o público jovem e agregar novo valor à atividade.
Integrantes da IHA têm acompanhado ações recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para levar treinamento à mão de obra da construção. Um dos debates em curso é a criação de novos empregos verdes no setor, tendência que chegará também ao Brasil na esteira de avanços no campo da sustentabilidade.
Segmentos de grande relevância para o setor da construção no Brasil, a infraestrutura e a habitação também mereceram atenção dos visitantes da instituição internacional. Integrantes do board da IHA convergiram na percepção de que a falta de infraestrutura tem levado muitas cidades ao redor do mundo a um ciclo vicioso marcado por um baixo crescimento urbano e arrecadação reduzida, o que impede investimentos novos.
A necessidade de tornar o acesso à moradia digna mais fácil também emergiu como desafio em diversas regiões do mundo: dirigentes da IHA discutiram com empresários brasileiros o desencaixe entre o preço final da habitação e a renda disponível da população, problema que impacta o desempenho do setor.
O evento no Rio de Janeiro destacou os desafios enfrentados pela indústria da construção global e ofereceu uma plataforma para compartilhar soluções e estratégias. A programação foi concluída com visitas técnicas às obras na região do Porto Maravilha, exemplo brasileiro dos avanços buscados em diversas regiões do mundo.
O tema tem interface com o Projeto "Estratégias para Inovação e Desenvolvimento na Indústria da Construção e no Mercado Imobiliário, seus trabalhadores e a sociedade civil no Brasil" da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
Fonte: CBIC