publicado em 12/06/2025
Os governadores dos estados da Região Sul do Brasil, Ratinho Junior (PSD-PR), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Leite (PSD-RS) tiveram encontro inédito voltado ao potencial do setor da construção civil nesta quinta-feira (12), no primeiro "Construa Sul", em Curitiba (PR). Também cobraram maior atenção do governo federal em investimentos. A convite da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), eles aproveitaram a oportunidade para unir esforços pelo desenvolvimento da Região Sul. O evento vai até a manhã desta sexta-feira.
"A construção é um dos setores que mais geram emprego direto no país, com cadeia produtiva gigantesca, que movimenta muito a indústria. E ainda é uma necessidade, porque as pessoas sonham em ter sua casa", declarou o governador Ratinho Jr. à imprensa, no início do evento. "Vamos construindo nossos projetos estaduais, que nos dão a alegria de o Paraná ser um dos estados que mais constrói casas no Brasil."
Na plenária "Por que investir no Sul do país?", os líderes estaduais expuseram seus avanços em investimentos estruturais, com mediação do jornalista Carlos Tramontina.
Após exposição sobre o paranaense Casa Fácil, maior programa de habitação popular do Brasil, que já beneficiou mais de 110 mil famílias com investimentos superiores a R$ 1,2 bilhão e tem novos aportes previstos de R$1,5 bilhão, o governador Ratinho Junior agradeceu o trabalho conjunto que os três estados da região têm realizado. "No Sul aprendemos a estrada que queremos pegar, e isso fez os estados se organizarem e se planejarem."
Ratinho Jr. reforçou a necessidade de agregar valor à nossa indústria, para não apenas exportar matéria-prima e produtos agrícolas não beneficiados. "A questão logística é talvez o mais essencial na tomada de decisão de investimentos, e o Paraná é naturalmente uma ligação entre regiões", acredita. Ao mesmo tempo em que se investe em moradia e indústria, ele citou a educação como prioridade para o desenvolvimento, especialmente na área tecnológica.
Já o governado Eduardo Leite iniciou sua fala agradecendo toda a união nacional em prol da reconstrução de seu estado após as enchentes de 2024, mas destacou que a União nacional direciona fundos às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste de que o Sul não dispõe. "Nossa participação do PIB se dá sem esse apoio", enfatizou. "Parem de nos tratar de forma diferente nos incentivos."
Ele apresentou ainda os avanços que o estado tem feito em reformas estruturais e ampliação de investimentos. "O ajuste fiscal permite ser mais ousado em investimentos onde o Estado deve estar presente, como aumentar o efetivo da segurança pública", explicou. Ele contou ainda que buscou inspiração no programa Casa Fácil do Paraná para o plano de habitação gaúcho, chamado A Casa é Sua. "Repassamos recursos a cerca de 40 municípios para a retirada de famílias em zonas de risco, entre outras iniciativas", contou. "Construção civil é economia na veia, movimenta muito."
A realidade vivida por Santa Catarina foi trazida pelo governador Jorginho Mello, com destaque para os avanços no setor de tecnologia e agropecupário. "No Sul aprendemos a viver sozinhos, porque não podemos depender do governo federal, e é por isso que somos os estados com melhor desempenho do Brasil", afirmou. "Os empresários nos pedem mão de obra qualificada, e nós formamos regionalmente para entregar, a exemplo dos cursos técnicos e universidade gratuita."
Mello anunciou a destinação de R$ 500 milhões ao programa Casa Catarina, voltado à moradia popular, com início em municípios de até 10 mil habitantes. Ao mesmo tempo em que sofremos revezes na exportação da carne brasileira, o governador brincou com o "bife de laboratório", que hoje é possível graças ao investimento tecnológico no estado.
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) no triênio 2023-2026, definiu o evento como uma iniciativa estratégica para ouvir o mercado e articular forças, algo que tem sido realizado em todo o país. Ele pontuou a realidade desafiadora vivida pelo setor no momento. "Ao mesmo tempo em que observamos avanços, como a retomada consistente de programas como Minha Casa, Minha Vida, e do investimento privado na infraestrutura, seguimos preocupados com a reforma do Imposto de Renda para a pessoa física, em que mais uma vez o governo federal penaliza o investimento para recompor a arrecadação federal, e agora propondo a tributação das LCIs, o que traz novas incertezas para o mercado imobiliário", ponderou Correia. "É urgente uma reforma administrativa, a racionalizaçao do estado e a melhoria da máquina pública trazendo previsibilidade, segurança e aumento da renda do brasileiro."
Carlos Cade, presidente do Sinduscon PR, destacou que o evento se concretiza por um esforço coletivo das entidades setoriais do Sul. "Temos grandes oportunidades de investimentos em nossa região, que sem dúvida é um polo de dinamismo, com potencial que salta aos olhos e nos posiciona de forma estratégica. Aqui a estrutura, o meio ambiente e a qualidade de vida andam de mãos dadas."
Além de elogiar o programa Casa Fácil, do governo do estado do Paraná, como referência nacional de eficiência, Cade lembrou que o Construa Sul tem sabor adicional, pois marca a celebração de 81 anos do Sinduscon PR, que hoje reúne mais de 9 mil empresas paranaenses.
A primeira edição do Construa Sul reuniu as 96 entidades associadas à CBIC, entre empresários, investidores e autoridades dos três estados. O evento conta com o patrocínio do SeconciPR, Caixa Econômica Federal, Copel, Sanepar, Compagas, Mútua, Totus, Brain Inteligência Estratégica, Construsul, Versátil e Veraz.












