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Falta de governança trava queda de custos de pequenas incorporadoras

publicado em 05/04/2024

A grande maioria dos pequenos e médios empreendedores do setor imobiliário ainda não se atentou para a vantagem de adequar a gestão de seus negócios à nova tendência no funding do setor no Brasil: o aumento do financiamento privado via mercado de capitais. De acordo com alguns dos renomados players do setor, até 95% de incorporadoras e construtoras não conseguem financiamento por falta de governança e transparência para inspirar confiança nos investidores.

Esse tema foi discutido no primeiro dia do 98º ENIC | Engenharia & Negócios, durante o painel Funding para pequenas e médias incorporadoras. O 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), dentro da FEICON, com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). 

O evento ainda tem o patrocínio do Banco Oficial do ENIC e da FEICON, a Caixa Econômica Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Mútua, Sebrae Nacional, Housi, Senior, Brain, Tecverde, Softplan, Construcode, TUYA, Mtrix, Brick Up, Informakon, Predialize, ConstructIn, e Pasi.

O debate contou com a participação de executivos de fintechs e startups especializadas na captação, intermediação e gestão de financiamentos a empreendimentos em todo o país, que convergiram na percepção de que a inadequação de projetos e o despreparo restringem as alternativas ao sistema bancário, o que impede este estrato de usufruir da mesma redução de custos dos grandes players do setor imobiliário.

Meios de financiamento como fundos imobiliários (FII), certificados de recebíveis imobiliários (CRI), letras de crédito imobiliário (LCI) e as letras imobiliárias garantidas (LIG) – estas duas últimas, instrumentos de captação bancária – vinham crescendo desde 2021, até que no fim do ano passado superaram, pela primeira vez na história, a caderneta de poupança na participação da estruturação do funding.

No avanço deste movimento em direção ao que acontece nos Estados Unidos, por exemplo, onde 82% do financiamento de empresas é feito via mercado de capitais, as fintechs aproveitaram para expandir os negócios por todo o país. Dado o cenário, ampliaram também os serviços, que vão da participação na gestão à organização da compra de insumos.

Moderadora do painel, a vice-presidente da CBIC, Maria Elizabeth Cacho do Nascimento, destacou que muitos detalhes técnicos no encaminhamento dos processos tornam os motivos da negativa por parte dos investidores quase uma questão individual de cada empreendedor, mas corroborou a análise exposta pelos executivos de fintechs e startups especializadas na captação, intermediação e gestão de financiamentos de empreendimentos em todo o país. 

Para Dario Jardim, diretor da Trinus, fintech com sede em Goiânia e São Paulo, os pequenos e médios “ainda não entendem o valor e o rito contábil do empreendimento”. Há resistência em alterar a cultura de gestão, muitas vezes familiar, o que acaba prejudicando o resultado do esforço do sistema na redução de custos.

Um dos painelistas, Carlos Alexandre da Costa participou das ações que favoreceram as mudanças na formação do funding quando ocupou o cargo de secretário especial do Ministério da Economia, entre 2019 e 2022. “Custo de crédito é um dos mais elevados do custo Brasil”, afirmou. Defensor do mercado de capitais como arma do que considera uma batalha pela redução de custos, ele afirma que a experiência do pequeno no mercado, ainda que sofra com taxas de risco maiores que os grandes no curto prazo, poderá se tornar atrativa em curto espaço de tempo. O uso do próprio projeto como garantia foi fundamental para “destravar o mercado”, na opinião de Costa. A taxa de juros para o pequeno hoje, segundo ele, está em torno de IPCA + 8% ou CD + 3,5%.

Fonte: CBIC

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