publicado em 10/03/2015
Reunião com Associados
Mudança de hábito é uma das alternativas para o cenário energético brasileiro
?Se uma cidade não conseguir criar diferenciais e critérios de sustentabilidade, principalmente econômicos, vai ficar a margem do desenvolvimento? ? Cláudio Lima
O Sinduscon-PR realizou a primeira Reunião com Associados do ano, no dia 3 de março de 2015, na sede social da entidade. E como não poderia ser diferente, colocou em pauta um assunto pra lá de atual: Energias Renováveis, tema ministrado por Claudio Lima, Ph.D. em Soluções Energéticas.
Cerca de 100 associados estiveram presentes na ocasião a fim de identificar as oportunidades do setor da construção civil na área energética. O presidente do Sinduscon-PR, José Eugenio Gizzi, realizou a abertura do evento apontando o cenário atual com a crise econômica, hídrica e enérgica que assola o País. Gizzi aproveitou a oportunidade para realçar o papel da entidade, que tem tentado de várias formas mitigar a crise, em conjunto com a CBIC ? Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Uma das ações é promover eventos para debater amplamente sobre o tema.
O palestrante abriu o assunto abordando o cenário nacional e já de início afirmou: ?Toda a crise faz a gente repensar, olhar outros rumos?. De acordo com o especialista, Claudio Lima, a ideia é criar modelos que dê sustentabilidade e acompanhem o desenvolvimento do País.
Lima atualmente é coordenador técnico do Governo Federal no sistema Smart Grid. Além disso, está a frente do programa do Sebrae de Energias Renováveis no Paraná.
Dentro da análise feita pelo PH.D. está a definição de sustentabilidade que, segundo ele, passa principalmente pelo viés econômico. Lima explica que energias, alimentos e água, são pilares de sustentação da humanidade e, se há ausência de um deles certamente vai aumentar custos e afetar seriamente a segurança do País.
O conceito de sustentabilidade vai muito mais além da redução de CO2 e a diferenciação em marketing. Ela vai impactar diretamente em ações que vão influenciar a rentabilidade financeira e a valorização dos ativos das entidades, das pessoas e dos produtos que puderem então definir este conceito. ?Se uma cidade não conseguir criar diferenciais e critérios de sustentabilidade, principalmente econômicos, vai ficar a margem do desenvolvimento?, analisa.
Um alerta do especialista! O que estamos vivendo está muito abaixo do pior cenário planejado para o setor energético. A situação de hoje não estava prevista nem nos piores dos piores casos planejados pelo sistema elétrico. A crise deverá se agravar em 2015 e nos próximos dois anos a insegurança energética tende a continuar.
Claudio Lima explica que o atual modelo energético brasileiro baseado nas hidrelétricas (1960) está em racionamento, pois ele está amarrado a modelos de políticas energéticas ultrapassadas. Isso não vai desaparecer de uma hora para outra, mas tem a exigência do uso de outras fontes. Para isso se faz necessário ações para diversificar a atual matriz energética considerando as fontes de energia solar fotovoltaica, biogás e térmica para que gere mais segurança energética e consequentemente, sirva de alavanca para o desenvolvimento econômico do País.
?O segredo não é economizar e sim otimizar. Se você economiza afeta diretamente a produção econômica, você tem que otimizar gastos. Nós temos perdas absurdas de água. Se você conseguir eficientemente gerenciar essas perdas você tem ganhos?, orienta Claudio Lima.
A grande oportunidade para as indústrias e o consumidor, em geral, está na criação de modelos que dê sustentabilidade local. Ou seja, a geração de energia dentro da propriedade que consome energia. Este será um diferencial! ?O que eu posso afirmar é que os produtos, serviços, construções, cidades, regiões e País serão medidos e qualificados pelo grau de iniciativas políticas, programas, projetos, intervenções e ações efetivas usam a inserção da sustentabilidade nos processos em andamento. Os que ficarem de fora vão perder a oportunidade de se diferenciar?.
Políticas Públicas em pauta
A palestra também contou com a presença do Secretário de Planejamento e Coordenação Geral do Paraná, Silvio Magalhães Barros, e do Secretário Municipal de Planejamento e Administração de Curitiba, Fábio Dória Scatolin, que ao final da explanação da Claudio Lima, fizeram suas contribuições a cerca do tema e também expuseram as principais ações previstas para suas área no que se refere à questão energética.
O primeiro passo já foi dado, é o que afirma o Secretário de Planejamento e Coordenação Geral do Paraná, Silvio Magalhães Barros. ?O presidente que assumiu a Copel, veio com um discurso na sua posse de valorizar e priorizar as energias alternativas. Nós temos que reconhecer que isso não era prioridade da Copel até então, mas agora passou a ser. Foi constituído recentemente um grupo de trabalho para desenvolver um programa de geração distribuída para o Estado do Paraná e dar sequência naquilo que estava parado?.
Silvio Magalhães comentou ainda que instalou uma usina solar em sua residência para geração distribuída. Como cidadão ele explica que é importante que a população se conscientize da importância de gerar energia no dia a dia. ?O Paraná é um grande gerador de energia e vai continuar sendo, mas a Copel hoje entende que a geração distribuída é a melhor contribuição que esta companhia pode fazer à crise energética brasileira?.
O Secretário Municipal de Planejamento e Administração de Curitiba, Fábio Dória Scatolin, ressaltou que o tema já está em pauta na gestão do prefeito Gustavo Fruet desde que o mesmo assumiu o cargo. Mas afirma que além disso, Curitiba já tem o diferencial de sustentabilidade e experiência em mobilidade urbana, o que vem contribuindo de maneira eficiente com a capital. ?A prefeitura agora simplesmente dá continuidade a essa tradição que começa com o Plano Diretor. A sustentabilidade está no centro de toda política pública para os próximos 10 anos. O que nós estamos fazendo agora é dar uma pequena contribuição em alguns projetos, tanto na Secretaria de Urbanismo, como Secretaria de Obras, IPUC, uma uniformização de políticas públicas nessa área. E o Sebrae, através do Sebreatec, está ajudando a gente, junto com o Claudio Lima?.
O secretário complementa que, em sua concepção, para sair da crise é preciso aproveitar essas oportunidades, que vão surgir na área de inovação. ?É hora de abandonar o velho e pensar em novas ideias nesse novo ambiente?, finaliza.
?Eu entendo que o Sinduscon promove uma vertente nova dentro da filosofia empresarial que é a questão da sustentabilidade que todos falam e poucos fazem. E trouxe um profissional altamente qualificado para ministrar o tema. É perfeitamente louvável nós desenvolvermos, dentro do grupo empresarial, uma nova dinâmica de negociar e de promover negócios entre os quais fazer com que suas empresas se tornem mais competitivas através de iniciativas como a sustentabilidade oferecer o melhor produto à sociedade? ? Gilberto Piva da Legnet Engenharia.
- Confira na íntegra da Palestra do Dr. Claudio Lima.