publicado em 10/06/2009
Debate econômico marca os 65 anos do Sinduscon-PR
A crise econômica global, a postura do governo diante da turbulência financeira, reforma tributária e oportunidades para a construção civil foram os principais temas abordados durante o debate econômico realizado no dia 8 de junho, no Sinduscon-PR. O evento, que marcou os 65 anos de atividades da entidade, contou com a participação dos economistas Raul Velloso e Gilmar Lourenço, e mediação da jornalista da Globo News, Cristiana Lobo.
Na abertura do debate, o presidente do Sinduscon-PR, Hamilton Franck, cumprimentou, em especial, os associados da entidade (aproximadamente 500 construtoras) que juntos refletem na representatividade da entidade. Ele citou o trabalho efetuado em conjunto com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil), em prol do setor, como a aproximação com a Receita Federal do Brasil, criação do programa que visa a erradicação do déficit habitacional no Brasil (o Moradia Digna), do programa de qualificação de beneficiários do Bolsa Família para atuarem na construção civil, dentre outros projetos.
?Na área social, com foco na valorização dos trabalhadores da construção civil, oferecemos, em Curitiba, o curso de Inclusão Digital aos filhos dos nossos colaboradores e o Cozinha Brasil para as esposas e companheiras dos profissionais do setor. Todas estas ações fazem parte da nossa missão, de contribuir com desenvolvimento socioeconômico deste País?, frisa.
A crise econômica financeira
A primeira pergunta feita pela jornalista Cristiana Lôbo aos economistas foi quanto aos impactos causados pela crise econômica intencional, considerada pelo presidente Lula ?uma marolinha?. Tanto Raul Velloso quando Gilmar Lourenço foram categóricos ao afirmar que o governo precisa criar um novo modelo de crescimento para o Brasil, que não seja tão dependente do mercado externo, a exemplo do que está acontecendo nos países europeus.
?O problema é que o investimento público está desaparecendo e ele é indispensável neste momento para fomentar a economia. A máquina pública gasta muito com previdência, programas sociais e com pessoal. Aproximadamente 85% das despesas da União são referentes a pagamento de funcionários públicos?, critica.
Ele acrescenta que, a exemplo da China, o Brasil também deveria seguir um modelo de investimento público, especialmente em infraestrutura, que seria o carro-chefe para o crescimento do País.
Na avaliação de Gilmar Lourenço, as facilidades para obtenção de crédito, a redução da taxa de juros, a recuperação do nível de emprego, associados ao impulso externo, contribuíram para que o Brasil mudasse seu patamar de crescimento, a partir de 2004.
?De 2004 a 2008, o País registrou índices de crescimento na casa dos 6%, desempenho que foi abortado com a crise econômica. Então, não acredito que seja apenas uma marolinha, ou que o menor abrandamento signifique que a situação já está normal. Ainda há muito a ser feito, o governo precisa investir no seu produto interno para que possamos ultrapassar esta crise da melhor forma possível, sem afetar tanto o emprego?, considera.
Governo precisa investir em novo modelo de crescimento
Com a divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), os economistas afirmam que o Brasil entrou em recessão técnica, ou seja, foram registrados dois trimestres consecutivos de queda em relação aos três meses anteriores. Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre deste ano o PIB teve queda de 0,8% em relação aos últimos três meses de 2008. No último trimestre do ano passado, já havia sido registrada retração de 3,6% em relação ao terceiro trimestre.
?Neste momento o País precisa de medidas anticíclicas, tem de reduzir taxas de juros, os compulsórios, a burocracia e aumentar os investimentos públicos em infraestrutura. Mas isso é medida emergencial, imprescindível mesmo é o Brasil contar com um projeto de crescimento eficaz?, destaca Velloso.
O lado positivo, na visão dos economistas, é que a crise gera uma discussão interna. ?Agora é hora de avaliar os programas de investimentos e repensar nosso modelo de crescimento. A iniciativa privada precisa ser incentivada pelo setor público, que precisa criar projetos que puxem a economia brasileira?, finaliza Gilmar Lourenço.