publicado em 24/05/2011
Construção investe para aumentar ritmo
Natália Flach
Cintia Esteves
A indústria da construção civil está operando em nível bastante elevado. A produção de insumos ocupa 87% da capacidade instalada. "Mas 70% das empresas do setor estão investindo ou pretendem investir nos próximos meses no aumento da sua produção", afirma Melvy Fox, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
A demanda está tão aquecida que, de janeiro a abril, as vendas internas de insumos cresceram 20,3% em relação ao mesmo mês do ano passado - número acima da meta de 15% para o ano. "Mesmo assim, não vislumbramos desabastecimento de nenhum material. Se tiver, será pontual", diz Fox. "No caso do cimento, a saída para a falta do insumo - caso haja - pode ser importar de outros países." Para evitar que isso ocorra, as empresas estão expandindo sua produção. A Votorantim Cimentos, por exemplo, anunciou dias atrás a construção de oito novas fábricas para ampliar em cerca de um terço sua capacidade de produção no país. O investimento é de R$ 2,5 bilhões.
Na ponta dessa cadeia, as empresas de mercado imobiliário estão se antecipando para evitar a falta de insumos durante a construção dos empreendimentos. Cyrela, Gafisa, Cury, Brookfield, Rossi e MRV fecharam contratos de longo prazo com fornecedores. "Mas o nosso principal gargalo é, sem dúvida, a falta de mão de obra", conta Luiz Rogélio Tolosa, diretor de relações com investidores da companhia.
A Racional Engenharia é outra na disputa pelos materiais de construção. "Competimos pelos mesmos insumos e pessoas com o mercado imobiliário inteiro. É fato que o mercado não está preparado para esse aquecimento rápido, depois dos 25 anos que passou praticamente inerte", afirma Marcos Santoro, vice-presidente da empresa.
No varejo de materiais para construção, a solução foi estocar. Prevendo uma possível falta de louças sanitárias e de alguns modelos de pisos cerâmicos, por conta do aquecimento do mercado, a Dicico preparou um estoque de quatro meses, quando o normal seria, no máximo, de um mês. "Em nosso centro de distribuição temos um estoque de 100 mil peças de louças sanitárias", diz Dimitrios Markakis, presidente da Dicico.
A atenção é redobrada em modelos mais específicos, como louças na cor preta e pisos cerâmicos a partir de 60 centímetros. "O varejo ficou com a incumbência de estocar", afirma.
Fonte: CBIC