Caderneta de poupança turbina compra de imóveis

publicado em 25/03/2010

Caderneta de poupança turbina compra de imóveis

Adriana Aguilar

Abecip estima volume 50% maior em recursos para 2010.
A expectativa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é a aplicação de cerca de R$ 50 bilhões, provenientes da caderneta de poupança, no setor imobiliário em 2010. O valor é quase 50% superior ao total de recursos financiados em 2009, quando somaram R$ 34 bilhões.
"A tendência para 2010 é de fortalecimento do setor. No final de 2008 e início de 2009, quando a crise financeira global esteve no auge, houve a redução do número de lançamentos imobiliários no Brasil. Passado o susto, a demanda aumentará", diz o presidente da Abecip, Luiz Antonio França, também diretor de crédito imobiliário do Itaú Unibanco.
Nos últimos dois anos, o número de unidades financiadas aumentou apenas 1%. Foram 302 mil unidades em 2009 contra 299 mil em 2008. Para 2010, são esperadas novas 450 mil unidades. Ou seja, projeção de aumento de 49% em unidades sobre o ano passado.
Com a atuação bastante agressiva, a estimativa da Caixa Econômica Federal é conceder aproximadamente 950 mil financiamentos em 2010, um volume de R$ 55 bilhões, dos quais R$ 19,5 bilhões vindos da caderneta de poupança. O montante total representa aumento de 17% sobre o ano anterior.
A Caixa fechou 2009 com volume de recursos destinados à compra de imóveis em R$ 47 bilhões, provenientes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e também da poupança. O valor médio dos imóveis financiados com recursos do FGTS gira em torno de R$ 70 mil. Quando se refere a recursos da caderneta de poupança, o valor médio sobe para R$ 170 mil. Normalmente, o banco público financia 80% valor total do imóvel nas operações com recursos do FGTS. O percentual cai para 70% no caso da poupança. O prazo médio para o pagamento das prestações é de 20 anos.
Na disputa acirrada pelo cliente, no final de novembro, o Grupo Santander reduziu a taxa de juro no financiamento de imóveis com valores até R$ 120 mil. Caiu de 9% para 8,90% ao ano mais taxa referencial (TR). No segmento de R$ 120 mil a R$ 500 mil, a taxa baixou de 10,95% para 10,50% ao ano mais TR. Para imóveis acima de R$ 500 mil, o percentual foi de 11,95% para 11% ao ano mais TR. "É cada vez maior a penetração do crédito imobiliário em todos os segmentos de renda", afirma o diretor do Grupo Santander, José Roberto Machado Filho.
Cerca de 60% dos tomadores de crédito imobiliário do Grupo Santander quitam o empréstimo entre 11 e 20 anos. Segundo o diretor, 28% dos tomadores completam o pagamento no prazo inferior a 10 anos. Outros 6% finalizam o financiamento entre 21 e 25 anos. E apenas 6% chegam aos 30 anos, informa José Roberto Machado Filho.
Na prática, Grupo Santander, Bradesco, Itaú Unibanco praticam taxa de juro ao redor de 9% mais TR para imóveis até R$ 120 mil, com pequenas variações. O prazo máximo de financiamento pode variar de 25 a 30 anos.
No Banco do Brasil, a menor taxa de juro para imóveis até R$ 100 mil é de 8,4% mais TR. Dependendo do valor do imóvel, o financiamento pode ser de até 90%. O prazo de pagamento pode chegar a 360 meses.
Na Caixa, a taxa de juros das operações lastreadas em recursos do FGTS varia entre 4,5% e 8,16% ao ano, dependendo da faixa de renda familiar do tomador do crédito. No caso dos recursos da caderneta de poupança, a taxa varia conforme o produto e o valor do imóvel e do nível de relacionamento com o cliente. É possível conseguir produtos com taxa de até 8,2% ao ano. A taxa máxima chega a 12% ao ano.
Na avaliação do diretor de crédito imobiliário do Itaú Unibanco, Luiz Antonio França, o setor imobiliário tende a avançar muito este ano. Em função disso, a instituição está com a carteira aberta para financiamentos tanto para pessoa física quanto para jurídica. Em 2009, o Itaú financiou R$ 5 bilhões para ambas as partes. Em 2010, o objetivo é acompanhar o crescimento do setor. A captação dos clientes é feita pela rede de agências, pelas construtoras parceiras e por meio de imobiliárias.
A novidade do Itaú Unibanco para disputar a clientela do crédito imobiliário é a taxa de juro personalizada. "O banco tem modelos capazes de dar crédito a clientes e não clientes, com competência para analisar o histórico de crédito de cada um", afirma França.
A taxa de juro personalizada é calculada em cima das seguintes variáveis: entrada do financiamento, histórico de crédito do candidato ao empréstimo, montante a ser financiado, e prazo de pagamento.
Na avaliação do superintendente executivo do crédito imobiliário Bradesco, Claudio Borges, o mercado imobiliário tem deslanchado gradativamente. "Há uma forte demanda de público e as construtoras estão vendendo muito bem os projetos delas. Neste ano, queremos crescer acima da estimativa do mercado", diz.
No Bradesco, a maior parte dos financiamentos se concentra na faixa dos R$ 160 mil para imóveis avaliados em R$ 200 mil. O banco financia até 80% do valor do imóvel por entender que deve haver um esforço adicional do cliente para poupar a outra parte. Para Borges, nos próximos anos, o tíquete dos imóveis financiados diminuirá em função do maior número de lançamentos para as classes onde se concentram o maior déficit habitacional do país.
Segundo dados da Abecip, em 2005, o preço médio de cada imóvel, financiado pelos bancos nacionais, era de R$ 79.385,00. Em 2006, o tíquete médio por unidade ficou em R$ 82.023,00 e, em 2007, foi de R$ 93.326,00.

Fonte: CBIC  (Valor Econômico/SP 25 de março de 2010)

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