Brasil tem mais influência nas decisões do FMI

publicado em 26/10/2010

Brasil tem mais influência nas decisões do FMI com reformulação de cotas, diz Mantega

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília ? A reformulação das cotas do Fundo Monetário Internacional (FMI), aprovada no último fim de semana, fez o Brasil ter influência nas decisões do fundo, disse ontem (25) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Até o dia 24, ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países que integram o G20 (grupo das maiores economias mundiais) estiveram reunidos na Coreia do Sul para discutir a divisão de poder no FMI e a coordenação de políticas cambiais entre os países do bloco.

"O Brasil mudou de status e a influência, hoje, é maior do que a participação em cotas que o Brasil tem", disse durante entrevista coletiva para avaliar o resultado do encontro. "Essa é uma nova correlação de forças que se estabelece e que reconhece os emergentes como protagonistas.?

Até 2008, quando houve a primeira reformulação no FMI, o Brasil detinha 1,38% das cotas. O percentual passou para 1,78% naquele ano e, agora, subiu para 2,32%. A participação dos quatro principais países emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China ? grupo conhecido como Bric) subiu em 6,4 pontos percentuais e passou para 14,18%, mas ainda não atingiu os 15% necessários para exercer poder de veto nas votações do FMI.

Além da redistribuição de cotas, o acordo estabelece que os países europeus comprometem-se a ceder duas cadeiras para países do Bric no Comitê de Governadores do FMI, formado por 24 diretores que decidem, com igualdade, questões fundamentais do fundo. ?Nos governos anteriores, o Brasil era subordinado ao fundo e, hoje, não é mais?, disse Mantega.

Com o acordo, os dez países com maiores cotas no fundo são os Estados Unidos e o Japão, além de quatro da União Europeia (Reino Unido, França, Itália e Alemanha) e os países do Bric. Individualmente, o Brasil passou a ser o décimo país com maior participação no fundo. Antes de 2008, o país ocupava o 18º lugar e tinha atingido a 14ª posição após a primeira reformulação.

Na avaliação do ministro, um novo FMI foi criado e, agora, o organismo internacional deixa de ser um simples monitorador dos emergentes e passa a ser representado de fato por esse conjunto de países. "O Brasil teve desempenho especial nessa reforma", afirmou.

Pelo acordo, em 2014 haverá uma nova redistribuição das cotas. A fórmula será alterada para dar peso maior ao Produto Interno Bruto (PIB) na definição da participação de cada país. ?Como o Brasil continuará crescendo nos próximos anos, o país vai se reposicionar novamente e ter as cotas aumentadas na nova reforma?, previu.

Apesar de o Brasil ter conquistado maior participação no FMI, o ministro da Fazenda destacou que o país não terá de fazer aportes significativos. Isso porque, no início do ano, o governo brasileiro depositou US$ 10 bilhões numa linha especial do fundo chamada NAB e esse aporte será convertido em cotas.

O ministro afirmou não ter ido à reunião por causa das medidas cambiais tomadas na semana passada, quando o governo aumentou de 4% para 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado de aplicações financeiras de estrangeiros fora da bolsa de valores e reajustou, também para 6%, o imposto no depósito de margem que os investidores que aplicam em derivativos são obrigados a fazer.

Fonte: Agência Brasil

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