publicado em 22/11/2017
O Brasil está passando por algumas revoluções que devem conduzir o País para uma nova onda de crescimento". A afirmação é do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, que esteve em Curitiba no dia 20 de novembro, a convite do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), para proferir palestra aos engenheiros paranaenses sobre o panorama da indústria da construção brasileira e as perspectivas para 2018. Em sua avaliação, as notícias negativas divulgadas diariamente pela mídia a respeito da crise política que o País está enfrentando estão ofuscando informações importantes e impedindo que a sociedade perceba a transformação profunda pela qual o Brasil está passando. Ele cita como exemplo o fato de o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) ter reduzido no final de outubro a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 7,5% ao ano, menor patamar desde abril de 2013. "Essa é a nona queda consecutiva e a expectativa é atingir 7% até o final de 2017 e cair para 6,5% no início de 2018. Já tivemos outros momentos com patamares parecidos, mas de maneira artificial, não de forma sustentável como nos dias atuais, com uma inflação na casa dos 3%. Ou seja, são índices macroeconômicos que levam ao investimento real. Os bancos, até um tempo atrás, podiam dar resultados aos seus acionistas comprando papel do governo, quando a SELIC estava na casa dos 14%. Hoje, com este novo cenário, as instituições financeiras terão de buscar as empresas no mercado para gerar novos negócios, a fim de ampliar resultados e ter rentabilidade. Trata-se de uma mudança muito grande, principalmente para a indústria da construção, pois o investimento vai migrar do papel para o investimento produtivo", destaca. A segunda grande mudança é a reforma trabalhista, que vai incentivar a formalidade ao estimular a produtividade, combatendo a ociosidade, que é um dos grandes gargalos dos setores produtivos. "A prevalência do negociado sobre o legislado diminuirá a quantidade de litígio, o que também é extremamente benéfico ao aumento da produtividade, principalmente no setor da construção, que depende muito da mão de obra", considera. Existe ainda uma terceira revolução em curso, ligada à forma de financiamento da representação, que até então era compulsória. "A partir de agora as entidades precisam desempenhar um papel forte e estratégico para que seus associados percebam seu valor e seus benefícios, do contrário, perderá a contribuição financeira destas empresas, que passa a ser voluntária", explica. Outro ponto que merece destaque é falta de capacidade de investimento dos governos municipal, estadual e federal, somada à PEC do Teto dos Gastos Públicos, que limitou o investimento e o custeio. Neste contexto, as Parcerias Público-Privadas passam a ser o caminho para o crescimento e o desenvolvimento do País, porque a demanda por serviço público vai sempre continuar, seja por hospitais, escolas, estradas, saneamento, etc. "E a única forma de atender a esta demanda é por meio da parceria entre o setor público e o setor privado", salienta, acrescentando a importância de as empresas se capacitarem para aproveitar as oportunidades de negócios que surgirão com esta modalidade de contratação, principalmente no âmbito dos municípios. O presidente do IEP, o engenheiro civil José Rodolfo de Lacerda, enalteceu o trabalho que o presidente da CBIC vem desenvolvendo em prol da indústria da construção brasileira, reforçando que a engenharia é o motor do Brasil. "No nosso País, a engenharia evoluiu muito, tecnicamente. Contamos também com profissionais e empresas devidamente habilitadas e capacitadas para atender a demanda latente por novas moradias e obras de infraestrutura, tão urgentes e imprescindíveis para a construção de um País melhor", frisa. |