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A urgência da digitalização na construção civil brasileira

publicado em 23/07/2025

A construção civil é um dos pilares da economia brasileira, representando cerca de 7% do PIB nacional e gerando mais de 7 milhões de empregos diretos e indiretos, segundo dados do IBGE e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). No entanto, apesar de sua relevância econômica e social, o setor ainda enfrenta um grande desafio: a baixa digitalização. Em um mundo cada vez mais tecnológico, a construção civil brasileira permanece ancorada em métodos tradicionais e analógicos, o que impacta diretamente na produtividade, nos custos e na qualidade das obras.

De acordo com um estudo publicado pela McKinsey em 2024, entre 2000 e 2022 a produtividade global do setor da construção avançou apenas 0,4% ao ano, um ritmo significativamente inferior ao registrado na economia como um todo (2,0%) e na indústria de manufatura (3,0%). O dado reforça a urgência de modernização do setor, com foco na adoção de ferramentas digitais, transformação organizacional e tecnologias inovadoras que impulsionem a eficiência.

Enquanto isso, outros países estão investindo fortemente em soluções tecnológicas. Na China, por exemplo, foi recentemente implantado um canteiro de obras inflável, que se ergue em minutos com estrutura automatizada, controle climático interno e integração com sistemas de monitoramento. A inovação visa acelerar obras mesmo em condições adversas e se tornou símbolo de uma construção mais eficiente, conectada e segura.

Nos Estados Unidos, Alemanha e Japão, tecnologias como BIM (Building Information Modeling), robótica, impressão 3D e plataformas de compras automatizadas já são realidade. Esses países encaram a digitalização não como tendência, mas como pré-requisito para competitividade.

Um dos principais gargalos do setor no Brasil é justamente a compra de materiais de construção, ainda amplamente analógica, desorganizada e ineficiente. A falta de padronização e controle prejudica especialmente os pequenos e médios construtores, que enfrentam dificuldades para lidar com preços variados, prazos instáveis e retrabalhos causados por erros logísticos. Essa fragilidade afeta diretamente a competitividade do setor.

Por outro lado, segundo a Abramat, o setor deve crescer 2,8% em 2025, e a eficiência na compra de materiais será essencial para que esse avanço seja sustentável. Diante desse cenário, corrigir essa lacuna se torna urgente. Se o setor não se adaptar rapidamente às mudanças tecnológicas, corre o risco de perder competitividade e comprometer seu próprio desenvolvimento.

Nesse contexto, a digitalização do processo de compras se apresenta como uma solução viável e necessária. Com o uso de tecnologia e automação, é possível gerar orçamentos inteligentes, considerando não apenas o custo dos materiais, mas também fatores como região, prazo de entrega e disponibilidade dos fornecedores. Essa inteligência aplicada permite que os construtores melhorem suas margens, evitem desperdícios e entreguem obras com mais previsibilidade.

Essa transformação vai além da eficiência econômica: trata-se também de sustentabilidade, transparência e impacto ambiental. O setor da construção é um dos maiores geradores de resíduos do Brasil, e o descontrole nas compras contribui para esse problema. Com a tecnologia, é possível planejar melhor, controlar estoques com mais precisão e garantir que os resíduos sejam reduzidos ou reaproveitados.

Além disso, a digitalização permite mais colaboração entre os agentes do setor. É possível integrar informações em tempo real, com todos os envolvidos no projeto tendo acesso a dados relevantes para tomada de decisões mais rápidas e seguras , reduzindo erros, retrabalhos e conflitos.

Mas é importante reforçar: digitalizar não é automatizar o caos. A tecnologia não resolve, sozinha, os problemas estruturais da construção civil. Ela é uma ferramenta poderosa, que precisa ser inserida em um modelo mais colaborativo, orientado por dados e processos claros, onde todos, de fornecedores a reguladores, atuem juntos por um setor mais eficiente.

Em resumo, investir em tecnologias digitais no processo de compras de materiais é um passo necessário para modernizar o setor, elevar sua eficiência, reduzir desperdícios e garantir competitividade. É hora de abandonar os processos manuais e abraçar soluções que já provaram seu valor em outros setores da economia. A digitalização não é mais uma tendência, é uma condição para o avanço da construção civil brasileira.

fonte: Sinduscon-Rio

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