publicado em 05/04/2024
O Futuro da Habitação e do Mercado Imobiliário no Brasil foi tema destaque do painel realizado no primeiro dia do 98º ENIC | Engenharia & Negócios, nesta quarta-feira (3). Em um contexto mundial de constante transformação econômica, social e tecnológica, o Brasil tem enfrentado desafios como a urbanização acelerada e o aumento da demanda por mais moradias. Com isso, surgem oportunidades para inovações que possam moldar as perspectivas do setor.
O painel, que contou com a moderação do jornalista Circe Bonatelli, destacou o avanço do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) no país. De acordo com o vice-presidente Financeiro da CBIC, Eduardo Aroeira, é preciso tirar lições do progresso do programa. “O MCMV tem avançado nos últimos anos, e o setor precisa aprender com o amadurecimento do programa, com as mudanças e se adaptar. Ainda há espaço para aprimoramentos, e vemos a necessidade de desburocratizar e destravar processos para promover mais casa para as pessoas. É para isso que a gente trabalha, para melhorar o país e fazer muito mais habitações com menos recursos”, disse.
Ely Wertheim, vice-presidente da Indústria Imobiliária da CBIC, reforçou o avanço que o programa MCMV tem tido no país e destacou os números na região de São Paulo. “As contratações de imóveis em São Paulo voltaram fortes, no último ano as vendas somaram mais de 70 mil unidades, das quais cerca de 50% das unidades vendidas foram enquadradas como MCMV”.
As perspectivas são positivas, afirmou o CEO da Direcional Engenharia, Ricardo Ribeiro Valadares Gontijo. “O incremento do teto no Programa traz benefícios e além disso, temos outras oportunidades como o RET 1%, que foi regulamentado pela receita, isso é muito relevante. Temos ainda o MCMV Cidades, que visa minimizar os problemas de habitação”, apontou.
Daniela Ferrari, Diretora de Relações Institucionais Tenda e diretora do Secovi-SP, destacou que nos últimos anos, o setor enfrentou dificuldades, mas após a pandemia de Convid-19, as empresas estão focadas na retomada de produtividade. “Queremos estabilizar os custos para chegar às faixas de renda mais baixa com o MCMV. Todo o investimento em industrialização e produtividade é bem-vindo para otimizar custos e prazo”, acrescentou.
O 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC) é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). O evento ainda tem o patrocínio do Banco Oficial do ENIC e da FEICON, a Caixa Econômica Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Mútua, Sebrae Nacional, Housi, Senior, Brain, Tecverde, Softplan, Construcode, TUYA, Mtrix, Brick Up, Informakon, Predialize, ConstructIn, e Pasi.
O debate também ressaltou a preservação do FGTS tem sido uma pauta constante do setor da indústria da construção, observou o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antonio França, mas o Fundo tem sido remunerado da mesma forma que a caderneta de poupança. “É preciso manter atenção, tratar o FGTS como complemento de renda é um absurdo. As pessoas ao invés de adquirirem patrimônio, estão perdendo a oportunidade de ter a casa própria”, alertou.
Com a aprovação do FGTS Futuro, realizada em março pelo Conselho Curador do FGTS. A modalidade visa facilitar o acesso ao crédito para a compra de imóveis por famílias com renda de até R$ 2.640,00 no âmbito do programa MCMV. A aprovação foi recebida de forma positiva pelo setor, segundo o presidente do Conselho Consultivo da CBIC, José Carlos Martins.
“Estão acontecendo melhorias nos programas e nosso desafio é aproximar o desejo de compra da casa própria e se aproximar da realidade. Temos que lembrar que o FGTS deve ser visto como patrimônio do trabalhador e quando há um aumento da capacidade de compra da família serve como uma alavanca para que isso aconteça”, disse Martins
Um dos maiores impactos no financiamento é a limitação de crédito, apontou Daniela Ferrari, diretora de Relações Institucionais Tenda e diretora do Secovi-SP. “Ainda existe uma limitação de uma alocação de renda para o financiamento de imóveis. Com o FGTS Futuro a velocidade de vendas deve aumentar e dar mais acesso a mais famílias”, reforçou.
Para cada 100 propostas de clientes apresentadas para a obtenção do financiamento, 15 são reprovadas automaticamente; dessas, 85% realmente compram, enquanto apenas 35% chegam a concretizar a compra, explicou o vice-presidente de Habitação e Interesse Social da CBIC, Clausens Duarte. “Metade das pessoas que atualmente buscam adquirir um imóvel foram aprovadas total ou parcialmente, porém não concluíram a compra. Grande parte disso é atribuída à poupança, e a perspectiva é que o FGTS futuro seja uma grande melhoria nesse cenário”, disse.
Este painel tem interface com o projeto “Melhoria da produtividade, competitividade e empregabilidade do Mercado Imobiliário”, da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Fonte: CBIC